sábado, 30 de janeiro de 2010

"VENÇA O MAL COM O BEM" (Rm 12,21)


Pe. Paulo Nunes de Araujo


O mês de janeiro iniciou-se com o “Dia mundial da paz” e se encerra hoje com o “Dia da não-violência”, emoldurando significativamente todo o mês. São dois temas distintos, mas se conexam porque trazem por dentro os anseios mais profundos de toda a humanidade, de todas as épocas, e que devem perpassar por todo o ano que recém começou. Foi tomado o dia 30 porque nesta data, no ano de 1948, aos 78 anos de idade, morreu assassinado Mohandas Karamchand Gandhi, o "Mahatma" (do sânscrito: a “Grande Alma”) Gandhi, ilustre líder pacifista indiano, fundador do movimento de não-violência na Índia. Ao morrer, suas últimas palavras foram: “He Rama!” (“Oh, meu Deus!”). A partir daí, a figura de Gandhi tornou-se modelo mundial de líder e apóstolo da não-violência.

Hoje, passados 62 anos da morte de Gandhi, nos perguntamos: Por que o mundo continua tão violento? Por que as pessoas assimilam tão espontânea e facilmente a violência? Por que a trama da violência é muito mais fecunda e ágil do que a luta pelo bem?

A origem da violência até hoje é desconhecida, pois não dá para ser “medida” de modo convencional, e só é notada quando as pessoas se reúnem para dar vazão a esta surpreendente manifestação interior do ser humano. Para o Magistério da Igreja no Brasil, a situação é inquietante: “Preocupa-nos, como construtores da paz, que a vida social em convivência harmônica e pacífica está se deteriorando gravemente em nosso país pelo crescimento da violência, que banaliza a vida (...). A violência se reveste de várias formas e tem vários agentes (...). Suas causas são múltiplas e interdependentes, expressões diversas da ausência de Deus no coração de muitas pessoas. (...) Diante de tudo isso, nós, cristãos, não podemos nos calar” (CNBB. Diretrizes gerais da ação evangelizadora da Igreja no Brasil, 2008-2010. 46ª Assembléia geral. São Paulo: Paulinas, 2008, 87, n.35). Se as causas da violência são diversas, as suas conseqüências também o são, e sempre trazem consigo dor, angústia, ferimentos, sejam físicos ou na alma, e até morte!

Segundo Paulo Roberto Ceccarelli, doutor em Psicopatologia Fundamental e Psicanálise, “o aumento do ‘consumo da violência’ é fato notório: na mídia, o faturamento é garantido na exploração deste veio. Quase todas as emissoras de televisão têm programas onde a violência transborda: filmes, muitos deles à disposição de todos apresentados na ‘sessão da tarde’; programas onde acompanhamos, ao vivo, a polícia na perseguição de malfeitores; cenas reais de acidentes de carros, quedas de avião, incêndios e outras catástrofes. (...) Por outro lado, um breve passeio pela História da Humanidade nos ensina que a violência, em suas várias versões, sempre existiu: os conflitos, em maior ou melhor escala, são incontáveis; as rebeliões, as revoltas; enforcavam-se os criminosos em praça públicas, e tantas outras coisas. Entretanto, o que caracteriza a violência nos dias de hoje é que ela vem sendo utilizada como uma forma, às vezes a única, de dar vazão à crescente insatisfação social, que pode começar na própria casa, com a qual o indivíduo vê-se cotidianamente confrontado. (...) Cenas que evocam violência, agressividade, aquelas que sugerem relações baseadas na desconfiança, na falta de solidariedade e outras tantas, podem incentivar comportamentos e propor ‘valores éticos’ divergentes daqueles necessários para a construção de uma estrutura social calcada no respeito e no direito do cidadão.” (Violência e TV. Disponível em: <clique aqui>. Acesso em: 27 jan 2010).

Face a essa triste realidade, só podemos admitir que existe na sociedade uma “escola da violência”. Comumente as pessoas são estimuladas a isso. Além dos conteúdos que a "mídia" transmite, o uso escancarado de mini-câmera digital, celular com câmera, chaveiro espião, caneta espiã, micro-filmadora, etc., tão acessíveis no mercado de eletroeletrônicos acaba estendendo o percurso da violência. Porque esse material na mão de gente irresponsável, chantagista e vingativa é um perigo!

Assim sendo, percebemos que hoje em dia a violência está presente intolerantemente em todos os cantos, nos mais variados ambientes: na família (violência doméstica), na escola, nos locais de trabalho, nos “trotes” de calouros universitários, no trânsito, nos estádios de futebol, entre vizinhos, nos condomínios, na política, etc. E o circulo da violência aumenta a cada dia, e já não se prende à faixa etária dos jovens e adultos. Hoje, os noticiários dão notícias de delinqüências e homicídios cometidos por crianças de ate oito anos de idade.

Além dessas formas de violência, fala-se atualmente numa outra muito aterrorizante, o chamado “bullying”. A palavra “bully” é de origem inglesa e significa “valentão”. Para o cientista norueguês Dan Owelus, “o bullying se caracteriza por ser algo agressivo e negativo, executado repetidamente e que ocorre quando há um desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas” (Bullying. Disponível em: <clique aqui>. Acesso em: 26 jan 2010). Por ser uma palavra inglesa, o “bullying” pode ser relacionado a algumas ações que indicam sua presença: colocar apelidos, ofender, zoar, gozar, encarnar, sacanear, humilhar, fazer sofrer, discriminar, excluir, isolar, ignorar, intimidar, perseguir, assediar, aterrorizar, amedrontar, tiranizar, dominar, agredir, bater, chutar, empurrar, ferir, roubar, quebrar pertences, etc. Em outras palavras, o “bullying” é uma forma de abuso psicológico, físico e social.

Assim sendo, esse comportamento pode ocorrer em todos e quaisquer contextos nos quais os seres humanos interagem e convivem, como: escolas (usando apelidos negativos e expressões pejorativas) e universidades (“trotes” humilhantes de calouros), no trabalho (atingindo a integridade e a confiança da vítima) ou até mesmo entre vizinhos (atitudes propositais e sistemáticas atrapalhando e incomodando os outros).

Segundo pesquisadores, os praticantes do “bullying”, geralmente são indivíduos que têm pouca empatia. Freqüentemente, pertencem a famílias desestruturadas, nas quais há pouco relacionamento afetivo entre seus membros. Estudiosos de vários países afirmam que há grande possibilidade desses autores virem a ser, mais tarde, delinqüentes ou criminosos. As vítimas são pessoas ou grupos que sofrem as conseqüências dos comportamentos de outros e que não dispõem de recursos, status ou habilidade para reagir ou fazer cessar os atos danosos contra si. Esses poderão crescer com sentimentos negativos, especialmente com baixa auto-estima, tornando-se adultos com sérios problemas de relacionamento e, em casos extremos, alguns poderão tentar ou a cometer suicídio. E quanto as testemunhas, na maioria são os próprios alunos, que convivem com a violência e se calam em razão do temor de serem as “próximas vítimas”. Há enormes possibilidades de se tornarem pessoas tensas, inseguras e temerosas. (Cf. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA MULTIPROFISSIONAL DE PROTEÇÃO À INFÂNCIA E À ADOLESCENCIA (ABRAPIA). Programa de redução do comportamento agressivo entre estudantes. Disponível em: <clique aqui>. Acesso em: 26 jan 2010).

Ainda dentro desse âmbito da violência, fala-se muito também do “cyberbullying”. Tristemente, “a prática do cyberbullying, ou intimidação virtual, representa um dos maiores riscos da internet para 16% dos jovens brasileiros conectados à rede. Isso é o que mostra uma pesquisa realizada no início de fevereiro deste ano pela Safernet, ONG de defesa dos direitos humanos na internet (...). Por conta dessa prática agressiva, o Dia da Internet Segura, realizado em 55 países no dia 9/02 deste ano, teve o tema “pense antes de postar”, com um alerta sobre os perigos das informações que são divulgadas de forma irresponsável na web” (DIA DA INTERNET SEGURA. Cyberbullying preocupa 16% dos internautas jovens no Brasil, 10/02/2010. Disponível em: <clique aqui>. Acesso em: 12 fev 2010).

Conforme notáveis juristas e advogados, os atos de “bullying” configuram atos ilícitos, exatamente por desrespeitarem princípios constitucionais, como a dignidade da pessoa humana. Porque “a base de todo o direito, a base de toda a sociedade é o ser humano. Sem nós, não há indústria, não há comércio, não há Judiciário, não há nada. E o maior bem do ser humano é a sua integridade física, emocional, estética, psicológica e moral. Se violada, essa agressão deve ser punida. A vida moderna só concebe essa punição através de uma indenização. E essa indenização tem que ser em valores que façam o infrator refletir e não repetir o erro” (VALEIXO NETO – ADVOCACIA DE INDENIZAÇÃO. Sobre a Valeixo. Disponível em: <clique aqui>. Acesso em 25 jan 2010).

Por conta disso, no campo civil, todos nós cidadãos e cidadãs, temos os nossos direitos garantidos pela Lei, e devemos fazê-los valer. O Código Penal Brasileiro, no Capítulo V, trata claramente “Dos crimes contra a honra”, a saber: a calúnia, a difamação e a injúria. Segundo o Código Penal, caluniar alguém é imputar-lhe falsamente fatos definidos como crime (Art. 138); difamar alguém é imputar-lhe fato ofensivo à sua reputação (Art. 139); e injuriar alguém é ofender-lhe a dignidade ou o decoro (Art. 140). E para cada um desses delitos, há uma pena correspondente, incluindo reclusão e/ou multa (indenização). No caso do “bullying”, a responsabilidade pela prática de tais atos torna-se enquadrada também no Código de Defesa do Consumidor. Uma escola, por exemplo, pode ser penalizada por qualquer ato de violência que ocorra nesse ambiente, porque ela presta serviço aos consumidores, os alunos, e deve zelar por sua segurança e tranqüilidade.

E aqui vale lembrar o ilustre líder africano, principal representante do movimento anti-apartheid, advogado e ex-presidente da África do Sul, prêmio Nobel da Paz em 1993, Nelson Rolihlahla Mandela: “Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender e, se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar”. Lembremo-nos também de Martin Luther King, abalizado ativista político estadunidense na defesa dos direitos humanos, principalmente para negros e mulheres, através de uma campanha de não-violência e de amor para com o próximo, e prêmio Nobel da Paz em 1964. Segundo ele, “Uma das coisas importantes da não-violência é que não busca destruir a pessoa, mas transformá-la”.

Porém, insubstituível é a pedagogia de Jesus: “Não existe árvore boa que dê frutos ruins, nem árvore ruim que dê frutos bons; porque toda árvore é conhecida pelos seus frutos” (Lc 6,43-44b). Conseqüentemente, “o homem bom tira coisas boas do bom tesouro do seu coração, mas o homem mau tira do seu mau tesouro coisas más, porque a boca fala daquilo que o coração está cheio” (Lc 6,45).

Seguindo a esteira das grandes figuras histórica que deram a vida por um mundo mais justo e humano, de paz e sem violência (Mahatma Gandhi, Nelson Mandela, Martin Luther King, Dom Hélder Câmara, o “Profeta da Paz”, Dom Oscar Romero, cujo serviço sacerdotal à Igreja ficou assinalado com a imolação da sua vida, enquanto oferecia a Vitima Eucarística, “sacrílego assassínio”, no dizer do papa João Paulo II, o qual recebeu a notícia de sua morte com a alma trespassada de dor e tristeza), inquestionavelmente não poderíamos deixar de mencionar a médica brasileira, Zilda Arns, que morreu sucumbida sob as ruínas do terremoto que assolou a cidade de Porto Príncipe, capital do Haiti, no Caribe, dia 12 deste mês.

Mas quem realmente pode dizer algo consistente e verdadeiro a respeito da Dra. Zilda Arns é o eminente teólogo brasileiro Leonardo Boff, seu amigo pessoal. Escreveu ele: “Talvez a opinião pública mundial não se tenha dado conta da importância desta mulher que, em 2006, foi apontada como candidata ao prêmio Nobel da Paz. E bem que o merecia, pois dedicou toda sua vida à saúde das pessoas mais vulneráveis. Por 25 anos coordenou a Pastoral da Criança acompanhando mais de um milhão e 800 mil menores de cinco anos e mais de um milhão e 400 famílias pobres. A partir de 2004, iniciou a Pastoral da Pessoa Idosa com mais de cem mil idosos envolvidos. Com meios simples, como o soro caseiro, o alimento à base da multimistura e outros recursos mínimos, salvou milhares de crianças que antes fatalmente morriam. (...) A Dra. Zilda honrou o cristianismo, vivendo uma mística de amor à humanidade sofredora, de esperança de que sempre se pode fazer alguma coisa para salvar vidas, de fé na força dos fracos que se organizam e na escuta de todos até das crianças que ainda não falam. (...) Para isso, ela suscitou a sensibilidade humanitária que se esconde em cada pessoa e inaugurou a política da boa vontade. (...) Uma idéia-geradora movia sua ação, copiada da prática de Jesus: multiplicar. Não apenas pães e peixes como Ele fez, mas, nas condições de hoje, multiplicar o saber, a solidariedade e os esforços. (...) Ora, são estes conteúdos do capital espiritual que devem estar na base da nova sociedade mundial que importa gestar. O século XXI será o século do cuidado pela vida e pela Terra ou será o século de nossa auto-destruição. Até agora globalizamos a economia e as comunicações. Temos que globalizar a consciência planetária e multiplicar o saber útil à vida, a solidariedade universal, os esforços que visam construir aquilo que ainda não foi ensaiado. Amor e solidariedade não entram nas estatísticas nem nos cálculos econômicos. Mas são eles que mais buscamos e que nos podem salvar” (O legado profético de Zilda Arns, 19/01/2010. Disponível em: <clique aqui>. Acesso em 23 jan 2010. Os realces gráficos são meus).

Sabemos que o amor, a justiça e a paz dependem da boa convivência entre os seres humanos neste mundo tão multi-étnico e pluricultural. Onde isso não acontece, a violência se intensifica e toma conta. Atualmente, pela força da mídia massiva, a violência tornou-se um assunto espetacular que alimenta os noticiários, sendo cada vez mais banalizada.

Mas venturosas já são as muitas iniciativas vindas de vários setores da sociedade para enfrentar o problema da violência. As respostas para esse fenômeno têm se mostrado múltiplas, abrangendo uma série de medidas, nos mais diversos níveis. Contudo, temos a impressão de que não avançamos. Sempre que surgem atos de violência, as discussões sobre o tema se intensificam. Mas aos poucos, tudo se abranda e quase não se fala mais no assunto até explodir uma outra ocorrência. Isto porque normalmente procuramos combater os frutos sem ir à raiz mais profunda da questão.

Em face disso, no próximo dia 17 (Quarta-feira de Cinzas), as Igrejas do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC), por exemplo, lançarão a Campanha da Fraternidade Ecumênica, a qual terá como tema: “Economia e Vida” e como lema: “Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro” (Mt 6,24c). O objetivo geral dessa CFE é bem preciso: “Colaborar na promoção de uma economia a serviço da vida, fundamentada no ideal da cultura da paz, a partir do esforço conjunto das Igrejas Cristãs e de pessoas de boa vontade, para que todos contribuam na construção do bem comum em vista de uma sociedade sem exclusão”.

É mais uma iniciativa ajuntando esforços das Igrejas cristãs e pessoas de boa vontade, a fim de contribuir para a construção do bem comum em vista de uma sociedade nova, com espaço e oportunidade para que todos possam viver felizes. Se as várias religiões e diferentes igrejas não trabalharem unidas num diálogo franco e construtivo, nossa paz continuará ameaçada e o nosso destino comprometido. As igrejas e religiões no seu testemunho comum devem motivar um re-encantamento com o mistério da vida e a integridade do planeta, nossa única casa comum aqui.

Diz o profeta que “o fruto da justiça será a paz, e a obra da justiça constituirá na tranqüilidade e na segurança para sempre” (Is 32,17). Dentro disso, uma economia solidária a serviço da vida torna-se indispensável para evitar a exclusão e a violência. Assim, a tão sonhada “cultura de paz” depende da cooperação, da solidariedade, do amor e da vigilância que as pessoas e as instituições mantiverem sobre a outra dimensão, igualmente presente, de rivalidade, de egoísmo e de exclusão. Nesse caso, nos ajudará bastante a atenção aos objetivos específicos da referida CFE – 2010: a) Sensibilizar a sociedade sobre a importância de valorizar todas as pessoas que a constituem; b) Buscar a superação do consumismo, que faz com que ‘ter’ seja mais importante do que as pessoas; c) Criar laços entre as pessoas de convivência mais próxima em vista do conhecimento mútuo e da superação tanto do individualismo como das dificuldades pessoais; d) Mostrar a relação entre fé e vida, a partir da prática da justiça como dimensão constitutiva do anúncio do evangelho; e) Reconhecer as responsabilidades individuais diante dos problemas decorrentes da vida econômica, em vista da própria conversão.

Em vista de todo o exposto acima, para nós que cremos em Jesus, o Mestre por excelência da não-violência, devemos compreender que é ele quem nos dá o ensinamento maior. Diante da exigência da vida e da violência que a ameaça, ele nos convida a tomarmos uma inteligente e firme decisão: “fazer o bem ou fazer o mal?” (Lc 6,9; Cf. Jo 5,16). E precisamos fazê-lo rápido! O apóstolo Paulo diz que “o tempo está abreviado” (1Cor 7,29). “Portanto, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos” (Gl 6,10), ou seja, “não paguem a ninguém o mal com o mal; a preocupação de vocês seja fazer o bem a todos” (Rm 12,17). Porque a prática do mal anula a nossa identidade e nos afasta de Jesus, como nos mostra o evangelista: “Não sei de onde são vocês. Afastem-se de mim, todos vocês que praticam injustiça!” (Lc 13,27).

A modo de conclusão, mais uma vez creio ter cumprido o meu papel essencial de anunciador de Cristo, Palavra de Deus encarnada, dentro ainda do "Ano Sacerdotal" e em sintonia com a Mensagem do papa Bento XVI para o 44º Dia Mundial das Comunicações Sociais, com o tema: “O sacerdote e a pastoral no mundo digital: os novos media ao serviço da Palavra”. É possível usar a Internet para o bem, vencendo o “cyberbullying” com o “cyberevangelho”. Então, enquanto a fraternidade não está realizada a contento e a violência ainda resiste, precisamos nos educar para que se estabeleça o “ideal da cultura da paz”. Que neste ano recém começado nos empenhemos conjuntamente na luta contra toda forma de violência, orientados também pelo ensino do apóstolo: “façamos esforço para colocar mais virtude na fé, mais conhecimento na virtude, mais autodomínio no conhecimento, mais perseverança no autodomínio, mais piedade na perseverança, mais fraternidade na piedade e mais amor na fraternidade” (2Pd 1,5-7). Este é o sonho de Deus e deve ser também o nosso, verdadeira utopia (do grego: uk-topós: o lugar-outro possível e executável), na medida em que percebemos que o Reino de Deus não só é possível, mas também realizável já, aqui e agora.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

AVALIAÇÃO DA ESCOLA BÍBLICA PAROQUIAL

Pe. Paulo Nunes de Araújo


Os alunos e alunas da Escola Bíblica Paroquial reuniram-se na capela da Comunidade Nossa Senhora Aparecida, Bairro Nª Sª Aparecida, no dia 12 de janeiro deste ano, às 19h30, com o objetivo específico de avaliar o ano letivo de 2009, em que foi estudado com profundidade o subsídio da CNBB: “Crescer na leitura da Bíblia” (Estudo de número 86).

Para o bom encaminhamento e aproveitamento da nossa avaliação, a Rosália Reis da Costa assumiu a função de secretariar, o Julião Gonçalves, de cronometrar, e eu, na condição de professor de Bíblia na Escola Bíblica Paroquial, o encargo de coordenar o evento. Para facilitar o bom aproveitamento da avaliação, apresentei alguns aspectos essenciais a serem ponderados. Assim, tudo o que está aqui apresentado foi captado pela Rosália. Eis a pauta:

1) Conteúdo;
2) Metodologia (nível de assimilação das pessoas);
3) Recursos didáticos (material de apoio): tudo que facilita a compreensão dos alunos
4) Espaço físico (ambiente);
5) Assiduidade (freqüência);
6) Crescimento pessoal e comprometimento missionário;
7) Edição do material (quantidade, preço, capa);
8) Formatura (ver a data, local e horário);

Com relação ao conteúdo, foi concluído por unanimidade que o Curso ensinou aos participantes como ser uma igreja mais viva e atuante, através de uma nova percepção e entendimento da Bíblia. Mostrou aos alunos e alunas tudo o que há de material disponível na Igreja para um bom estudo da Bíblia e da Teologia, deixando claro que a missão do cristão é evangelizar e disseminar os ensinamentos bíblicos.

Sobre a metodologia, todo o grupo afirmou que o Curso atingiu seu objetivo, pois foi fiel ao tema proposto, explanando suas proposições através do método “ver, julgar e agir”, com excelente dinâmica, explicação de palavras novas ou desconhecidas pelos participantes e, principalmente, pela ligação e adequação dos temas à nossa realidade. Isso fez com que o nível de assimilação das pessoas, considerando as particularidades de cada um, fosse satisfatório.

Em referência aos recursos didáticos, ou “material de apoio”, usamos os disponíveis na comunidade, como: quadro-negro, giz, cartazes, folhas de cantos, violão, cópia das orações feitas antes e depois das aulas. Tudo isso foi importante, pois facilitou grandemente a compreensão e o aprendizado dos alunos,

No que tange ao espaço físico ou ambiente, todos citaram o bom acolhimento e a ótima hospitalidade. Muitos destacaram que a relevância dos assuntos e a incrível atenção que o Pe. Paulo Nunes consegue despertar nos participantes foi capaz de tornar quase imperceptível o desconforto dos bancos sem encosto, o incômodo do calor, típico da cidade e até a presença dos insetos, que no verão perturbam bastante.

Sobre a assiduidade, a avaliação foi excelente. No espaço de nove meses, a Escola Bíblica esteve em exercício todas as semanas ininterruptamente, tanto na Comunidade Nª Sª Aparecida (Bairro Nª Sª Aparecida), que se iniciou com 90 alunos, e na Comunidade Nª Sª de Fátima (Baiazinha), com 26 alunos. Ou seja, as aulas se realizaram por 32 duas vezes, totalizando 64 horas/aula. Desse total de 116 alunos que iniciaram, 73 receberão o Certificado de aprovação “por haverem participado satisfatoriamente do ciclo da Escola Bíblica Paroquial”, por terem tido ótima freqüência.

No que se refere ao crescimento pessoal, a Escola Bíblica Paroquial abriu espaço para novas amizades e reforçar as já existentes, para um maior senso de vida comunitária, de solidariedade, proporcionando mais gosto por ser igreja. Junto ao crescimento pessoal, também percebemos um avanço na dimensão espiritual e missionária. A Escola Bíblica proporcionou maior segurança durante as visitas missionárias, no dialogo com os evangélicos, bem como na leitura da Palavra nas Missas. Evidentemente, muitos já estavam engajados na vida pastoral da Paróquia; inclusive, vários participaram da Semana Missionária. E tantos outros se comprometeram a partir da Escola Bíblica.

Pe. Paulo Nunes também propôs a idéia de publicar todo o conteúdo dado em aulas na Escola Bíblica através de uma Editora. Os alunos concordaram com a proposta, desde que não passasse a cifra de R$ 10,00, para não pesar muito no bolso dos alunos e dos demais interessados em adquirir o livro. Pe. Paulo Nunes ficou então de encaminhar a edição do material (quantidade e preço), aqui mesmo na Cidade de Miranda, valorizando assim a nossa realidade.

Quanto a formatura dos 73 alunos aprovados, após discutirmos sobre a data, o local e o horário, assim ficou combinado: será no dia 21 de fevereiro, na Igreja Matriz de Nª Sª do Carmo, às 19h.

PS: As fotos dos participantes da Escola Bíblica estão no meu blog de fotos. E as da Missa de formatura, da mesma forma, estarão lá.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

"O SENHOR ABENÇOA SEU POVO NA PAZ" (Sl 29/28,11b)

Pe. Paulo Nunes de Araujo


“O Senhor te abençoe e te guarde! O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e tenha misericórdia de ti! O Senhor dirija para ti o seu rosto e te conceda a paz!” (Nm 6,24-26).

Com estas palavras tiradas da primeira leitura da Missa deste primeiro dia do ano civil, ainda dentro do “ciclo do Natal”, propus-me a escrever este escrito, a intento do “Dia mundial da paz”. Historicamente, este “dia” foi instituído pelo papa Paulo VI, em 1968, fixando o 1º de janeiro para toda a Igreja Católica, com o objetivo de rezar para que a humanidade encontre o caminho da justiça e da paz, a fim de que todos os povos abandonem as armas e reconheçam e vivam como irmãos. Nesta mesma ocasião, comemora-se também o “Dia da Fraternidade Universal”. Aqui no Brasil, esta data foi instituída pela lei n. 108, de 29/10/1935.

Para este ano de 2010, já na 41ª edição do “Dia mundial da paz”, Bento XVI lançou uma mensagem intitulada: “Se quiseres cultivar a paz, preserva a criação”. Eis aí o nosso desafio!

Na abordagem sobre “a realidade que nos interpela”, o Magistério eclesial brasileiro ao tratar da “situação sociopolítica” nas “Diretrizes Gerais” ainda em vigor, faz ecoar o clamor de todo o povo que pede justiça e paz, diante de tanta violência: “Preocupa-nos, como construtores da paz, que a vida social em convivência harmônica e pacífica está se deteriorando gravemente em nosso país pelo crescimento da violência, que banaliza a vida (...). A violência se reveste de várias formas e tem vários agentes (...). Suas causas são múltiplas e interdependentes, expressões diversas da ausência de Deus no coração de muitas pessoas” (Doc. da CNBB, 87, n. 35). Daí a pertinente provocação: “Diante de tudo isso, nós, cristãos, não podemos nos calar” (Ibidem).

No Documento de Aparecida, o Magistério eclesial veementemente denunciou que “a vida social em convivência harmônica e pacífica está se deteriorando gravemente em muitos países da América Latina e do Caribe pelo crescimento da violência, que se manifesta em roubos, assaltos, seqüestros, e o que é mais grave, em assassinatos que a cada dia destroem mais vidas humanas e enchem de dor as famílias e a sociedade inteira. A violência se reveste de várias formas e tem diversos agentes: o crime organizado e o narcotráfico, grupos paramilitares, violência comum sobretudo na periferia das grandes cidades, violência de grupos de jovens e crescente violência intra-familiar. Suas causas são múltiplas: a idolatria pelo dinheiro, o avanço de uma ideologia individualista e utilitarista, a falta de respeito pela dignidade de cada pessoa, a deterioração do tecido social, a corrupção inclusive nas forças de ordem e a falta de políticas públicas de equidade social” (DA, n. 78). No entanto, eu penso que a causa originária e fundamental de toda essa brutalidade é “a idolatria pelo dinheiro”.

Assim sendo, não dá para escamotear o assustador “crescimento da violência” e que ela “se reveste de várias formas e tem vários agentes”. Tomando um dado bem concreto e atual, “a Fides, agência do Vaticano para o mundo missionário, revelou que 37 agentes pastorais foram assassinados enquanto desempenhavam a sua missão nos cinco continentes, no ano de 2009. O número é praticamente o dobro em relação a 2008 (20) e o mais alto na última década” (Cf. REVISTA MISSÕES. Disponível em: <clique aqui>. Acesso em: 31 dez. 2009).

Dentre esses trinta e sete assassinatos, seis ocorreram aqui no Brasil, o que dentro do total, é um número bastante alarmante. São dados que o povo nem toma conhecimento, como se fosse algo banal. Portanto, eis os nomes dos nossos mais recentes mártires, os quais no esforço pela paz, foram vitimados exatamente por falta dela: Pe. Ramiro Ludeña, espanhol, assassinado a 20/03, no Recife; Pe. Gisley Azevedo Gomes, encontrado sem vida a 16/06, próximo de Brasília; Pe. Ruggero Ruvoletto, italiano, assassinado a 19/09, em Manaus; Pe. Evaldo Martiol, assassinado a 26/09, em Santa Catarina; Pe. Hidalberto Henrique Guimarães, assassinado a 7/11, em Maceió; Pe. Alvino Broering, assassinado a 14/12, em Santa Catarina, Brasil.

Em face disso, justificável foi o profético comentário da Claudina Azevedo Maximiano, fma, assessora diocesana da PJ, São Gabriel da Cachoeira, AM, intitulado “A dor que lateja e fere o povo...”. Disse ela: “A vida desses nossos irmãos e irmãs ceifados pela violência, reflete a precariedade das relações existentes na humanidade. A violência e a injustiça não são algo do agora da humanidade, como sabemos. Porém, para mim, parece que estamos vivendo como humanidade um retrocesso. Parece que não aprendemos, até então, que precisamos instaurar um tempo novo, onde as relações sejam pautadas em princípios fundamentais para vida no planeta: justiça, solidariedade, amor, respeito e fé. A morte desses nossos irmãos e irmãs é o sinal de que precisamos continuar a anunciar a vida e lutar pela justiça, mesmo que isso nos custe sangue e lágrimas”.

Quando ela fala que “precisamos instaurar um tempo novo”, marcado por situações que possam garantir a “vida no planeta”, isto vai perfeitamente ao encontro do pensamento de Bento XVI, ao dizer que “quando o homem não é visto na integridade da sua vocação e não se respeitam as exigências duma verdadeira ‘ecologia humana’, desencadeiam-se também as dinâmicas perversas da pobreza, como é evidente em alguns âmbitos sobre os quais passo a deter brevemente a minha atenção” (Mensagem para a celebração do Dia mundial da paz, 1º/01/2010, n. 2b). Porque, segundo o pontífice, “a pobreza encontra-se frequentemente entre os fatores que favorecem ou agravam os conflitos, mesmo os conflitos armados” (Ibidem, n. 1).

Se a pobreza crescente é uma das causas dos conflitos que atentam “a vida no planeta”, realmente devemos nos convencer que “combater a pobreza é construir a paz”. Assim sendo, não há outra saída para a construção desse “tempo novo” sem uma luta decidida contra a pobreza e a efetivação de uma solidariedade cósmica e ecológica, pois “uma das estradas mestras para construir a paz é uma globalização que tenha em vista os interesses da grande família humana” (Mensagem para a celebração do Dia mundial da paz, n. 8). E isso exige incondicionalmente “colocar os pobres em primeiro lugar” (Ibidem, n. 12). Porque “os pobres pedem o direito de participar no usufruto dos bens materiais e de fazer render a sua capacidade de trabalho, criando assim um mundo mais justo e mais próspero para todos” (Ibidem, n. 14).

Sabemos que Deus criou o Universo e destinou-o aos seres humanos “como espaço para a vida e a convivência de todos seus filhos e filhas (...). Nossa ‘irmã a mãe terra’ é nossa casa comum” (DA, n. 125). E, sem dúvida, devemos pensar não somente, como egoístas, no momento presente, pois “o Senhor entregou o mundo para todos, para os das gerações presentes e futuras” (DA, n. 126). E essa consciência deve ser assumida por todos nós, como “profetas da vida”, considerando que a natureza é “uma herança gratuita que recebemos para proteger, como espaço precioso da convivência humana e como responsabilidade cuidadosa do senhorio do homem para o bem de todos” (DA, n. 471).

Diante desta situação, o Magistério eclesial oferece algumas propostas e orientações (Cf. DA, nn. 474-475): a) Evangelizar nossos povos para descubram o dom da criação, sabendo contempla-la e cuidar dela como casa de todos os seres vivos e matriz da vida do planeta; b) Aprofundar a presença pastoral nas populações mais frágeis e ameaçadas pelo desenvolvimento predatório e apoiá-las em seus esforços para conseguir uma eqüitativa distribuição da terra, da água e dos espaços urbanos; c) Procurar um modelo de desenvolvimento alternativo, integral e solidário, baseado em uma ética que inclua a responsabilidade por uma autêntica ecologia natural e humana, que se fundamente no evangelho da justiça, da solidariedade e do destino universal dos bens; d) Empenhar nossos esforços na promulgação de políticas públicas e participações cidadãs que garantam a proteção, conservação e restauração da natureza; e) Determinar medidas de monitoramento e de controle social sobre a aplicação dos padrões ambientais internacionais nos países; f) Criar nas Américas consciência sobre a importância da Amazônia para toda a humanidade.

Por aí vemos que definitivamente não temos outra saída para que a vida e a harmonia, em todos os âmbitos (igreja, família, clero, sociedade civil...) melhor se realizem. Portanto, “urge educar para a paz” (DA, n. 541). Porque “a paz é um bem valioso, mas precário que todos devemos cuidar, educar e promover em nosso continente. Como sabemos, a paz não se reduz à ausência de guerras, nem à exclusão de armas nucleares em nosso espaço comum. Estas são conquistas já significativas, mas devemos promover a geração de uma “cultura de paz” que seja fruto de um desenvolvimento sustentável, eqüitativo e respeitoso da criação e que nos permita enfrentar conjuntamente os ataques do narcotráfico e do consumo de drogas, do terrorismo e das muitas formas de violência que hoje imperam em nossa sociedade. A Igreja, sacramento de reconciliação e de paz, deseja que os discípulos e missionários de Cristo sejam também, ali mesmo onde se encontrem, “construtores de paz” entre os povos e nações de nosso Continente. A Igreja é chamada a ser uma escola permanente de verdade e de justiça, de perdão e de reconciliação para construir uma paz autêntica” (DA, n. 542).

E nós, imbuídos do Evangelho de Jesus e comprometidos com a obra evangelizadora da Igreja, devemos assumir esta ingente verdade, que “a radicalidade da violência só se resolve com a radicalidade do amor redentor” (DA, n. 543). Porém, de modo reiterado digo que o empenho pela construção da paz não se prende somente aos cristãos, mas a toda a humanidade, pois é bem verdade que “no mundo plural no qual hoje vivemos, a acolhida, o diálogo, a convivência pacífica e a cooperação são exigências fundamentais para toda a humanidade. Judeus, Cristãos, Muçulmanos, Budistas, Hindus, tradições Afro-descendentes e pessoas de tantas outras expressões religiosas e culturais, cada uma com suas peculiaridades na forma e no conteúdo, podemos nos sentir irmanados na construção de um mundo de justiça, paz e liberdade para todos” (Posicionamento da CNBB a favor das iniciativas que promovem a paz entre pessoas, povos, culturas, igrejas e religiões, 01/01/2010). Isto vem confirmar aquele desafio proposto por Bento XVI: “Se quiseres cultivar a paz, preserva a criação”, pois a nossa “irmã a mãe terra” é nossa casa comum onde, inclusive, o “Príncipe da paz”, Jesus, veio estabelecer sua morada.

À guisa de conclusão, irmanemos-nos todos nessa mesma causa, cientes que “o fruto da justiça será a paz, e a obra da justiça constituirá na tranqüilidade e na segurança para sempre” (Is 32,17). Fora dessa lógica, é evidente que “para os maus não há paz” (Is 48,22). E como nesta ocasião também celebramos a solenidade de “Maria, Mãe de Deus”, peço-lhe que nos abençoe, seguros de que ela “como mãe de tantos, fortalece os vínculos fraternos entre todos” (DA, n. 267). Agora, fazendo jus ao tema da Mensagem papal, deixo aqui um lindo Poema intitulado “Nossa Senhora do Carmo e o ecológico pantanal”, composto por José Zuza, homem simples, poeta pantaneiro e grande amigo do meu falecido pai Melchíades.

Nossa Senhora do Carmo,
Oh! Mãe celestial,
Ah! Rainha clemente,
Oh! Mãe Universal.
Proteja a nossa família
e o povo do Pantanal

Nossa Senhora do Carmo
Protetora do Pantanal.
Este refúgio ecológico
É um símbolo ambiental.
Proteja os seres humanos
Proteja o animal.

Nossa Senhora do Carmo,
onde está o peixe do rio?
O cerrado está queimando,
e o Pantanal está vazio.
Cadê os frutos da flora?
Tudo está desaparecendo por causa do tempo estio.

Nossa Senhora do Carmo
é a nossa Padroeira.
Mãe do povo mirandense,
da família pantaneira.
Traga a paz para o MS,
e para a Pátria brasileira.

Adeus, Pantanal
Morada do tuiuiú.
Naquela bela lagoa
Com sua água azul,
Uma estrela ecológica
No Mato Grosso do Sul.

Assim sendo, só posso finalizar este artigo desejando Shalom a todos e ao meu lindo pantanal sul-matogrossense, obra maravilhosa que Deus criou para nós.

 
©2007 '' Por Elke di Barros