quarta-feira, 28 de maio de 2008

A V CONFERÊNCIA DO CELAM

Pe Paulo Nunes de Araujo
Estimados amigos e amigas leitores dos meus artigos aqui neste “blog”. Em meados de outubro passado, eu tive a feliz honra de participar de um grande simpósio de Teologia, na PUC-PR, para mais de quatrocentas pessoas, entre teólogos e teólogas, estudantes de Teologia, religiosos e religioss e agentes de pastoral leigos e leigas.

Este evento, assessorado pelos teólogos Prof. Dr. Pe. Mário de França Miranda, do Rio de Janeiro, e Prof. Dr. Pe. Agenor Brighenti, de Santa Catarina, teve como tema a “A 5ª Conferência do CELAM”, realizada em Aparecida, SP, de 13-31/5/2007.

Por se tratar de um assunto altamente relevante, que certamente irá dinamizar a nossa Igreja latino-americana e caribenha nesses próximos dez anos, fiz questão de partilhar com vocês propondo uma visão panorâmica do Documento de Aparecida (DA) a partir de cinco pontos centrais, a meu ver:

a) Ponto de partida da missão da Igreja: a realidade social que nos interpela e nos desafia. Pois se trata de uma realidade contraditória com a vontade de Deus Pai (DA, n. 33);

b) Ponto de chegada da missão: a vida em plenitude para todos (DA, n. 361). E a promoção humana deve ser integral, isto é, promover todos os homens e o homem todo (DA, n. 339);

c) Exigências para se caminhar de um ponto ao outro: a Igreja deve estar em estado permanente de missão (DA, n. 551); ela deve ser um poderoso centro de irradiação da vida em Cristo (DA, n. 362); ela necessita de forte comoção que a impeça de se instalar na comodidade, no estancamento e na indiferença (DA, n. 362); enfim, a Igreja precisa assumir nova configuração institucional, isto é, novas estruturas (DA, n. 365);

d) Implicações: uma verdadeira conversão pessoal e pastoral, aliada à conversão das estruturas (DA, n. 366); urgente renovação eclesial e paroquial (DA, n. 372); assumir os novos rostos daqueles que sofrem (DA, n. 65); uma nova pastoral urbana (DA, n. 517); renovação das paróquias, a fim de que se estabeleça uma pastoral pensada, elaborada (DA, n. 172);

e) Como fazer esse caminho: propiciar uma experiência pessoal e profunda de fé, uma conversão real (DA, n. 129-153); vivência comunitária, para que todos se sintam incluídos e úteis (DA, n. 304-310); aprofundar nos conteúdos da fé (DA, n. 341-346); compromisso comunitário na perspectiva das CEBs (DA, n. 178-180). A falta desses elementos tem sido os motivos básicos pelos quais muitos deixaram a Igreja para se unir a outros grupos religiosos.

Além dessa visão ampla, eu gostaria de elencar dez frases do Documento que para mim causam forte impacto positivo: a) A vocação ao discipulado missionário é con-vocação à comunhão em sua Igreja (DA, n. 156); b) A Igreja cresce, não por proselitismo, mas por atração: como Cristo atrai tudo para si com a força do seu amor (DA, n. 159); c) A comunhão é missionária e a missão é para a comunhão (DA, n. 163); d) Os fiéis leigos são homens e mulheres da Igreja no coração do mundo, e homens e mulheres do mundo no coração da Igreja (DA, n. 209); e) A pessoa sincera que sai de nossa Igreja aspiram o que não têm encontrado, como: experiência religiosa profunda e intensa, vivência comunitária onde se sintam acolhidos e valorizados, formação bíblico-doutrinal, compromisso missionário de todos (DA, n. 225-226); f) Onde se estabelece o diálogo (ecumênico), diminui o proselitismo (DA, n. 233); g) A opção preferencial pelos pobres está implícita na fé Cristológica (DA, n. 392); h) A Igreja está convocada a ser advogada da justiça e defensora dos pobres (DA, n. 395); i) É necessário superar a mentalidade machista que ignora a novidade do cristianismo (DA, n. 453); j) A América Latina e o Caribe não devem ser só o Continente da esperança, mas também o Continente do amor, da vida e da paz (DA, n. 537).

Com isso, vemos que a palavra de ordem da Igreja hoje, mais do que nunca, é mudar. Porque não basta ter uma mudança de mentalidade; é preciso uma mentalidade de mudança. E tem que ser rápido. Caso contrário vamos ficar embolorados (João XXIII) ou estagnados (Bento XVI).

Abracemos juntos esta causa, cientes de que esta causa é de Jesus e, portanto, deve ser também da Igreja. Assim, “guiados por Maria, fixemos os olhos em Jesus Cristo, autor e consumador da fé, e digamos a ele: fortalece a todos em sua fé para que sejam teus discípulos e missionários” (DA, 554).

 
©2007 '' Por Elke di Barros